A transformação na Argentina sob Javier Milei oferece um modelo inspirador para Portugal, onde o intervencionismo estatal tem sido uma constante. A experiência argentina demonstra como a redução do Estado, a abertura ao mercado e a dolarização podem gerar crescimento económico e estabilidade.
As nações não se perdem por falta de recursos, mas por falta de coragem para agir no momento certo — Portugal tem muito a aprender com a transformação em curso na Argentina. Décadas de populismo peronista, marcado pelo autoritarismo e pela dependência estatal, deixaram o país à beira do abismo económico. Normalmente, em momentos de crise, as pessoas tendem a apoiar a extrema-esquerda ou a extrema-direita.
A Argentina foi, portanto, um caso insólito por serem os libertários a fonte de mudança, especialmente apoiados pelos jovens. Observando a experiência argentina, Portugal deve refletir sobre as consequências do intervencionismo e, talvez, repensar o seu próprio futuro.No início do século XX, a Argentina era um dos países mais ricos do mundo, com uma economia robusta baseada na exportação de carne e cereais. Porém, o golpe militar de 1930 marcou o início de uma era de instabilidade política. Este foi o primeiro de uma série de golpes que viriam a moldar o século XX argentino. Sob a liderança de Juan Domingo Perón, eleito presidente em 1946, pôs-se termo ao período que ficou conhecido como a “Década Infame”. O peronismo mostrou ser um modelo político marcado pelo nacionalismo económico e pela centralização extrema do poder, transformou a estrutura económica da Argentina, introduzindo políticas sociais amplas e nacionalizações massivas, consolidando a dependência estatal e a manipulação sindical como pilares do regime.Essa dinâmica levou à criação de um Estado ineficiente e corrupto, que controlava “setores chave” como a banca, os caminhos de ferro e a produção agrícola. Décadas depois, o kirchnerismo reviveu estas práticas, ampliando o intervencionismo estatal e consolidando a concentração de poder político e económico. Sob Néstor e Cristina Kirchner, os mesmos erros foram repetidos: gastos descontrolados, dependência de subsídios e crescente fragilidade económica.Este padrão resultou numa economia incapaz de resistir às crises globais, caracterizada por inflação crónica e uma moeda que perdia valor sistematicamente. Os argentinos tornaram-se reféns de um sistema que perpetuava a pobreza em vez de oferecer soluções sustentáveis. A experiência argentina tornou-se um exemplo paradigmático de como políticas populistas baseadas no intervencionismo podem corroer uma nação até ao colapso.Javier Milei emergiu como um outsider político num momento em que os argentinos estavam exaustos de promessas vazias e colapsos económicos. Com um discurso incendiário e uma agenda fortemente liberal, Milei propôs uma transformação contrária à tradição política do seu país, que incluiu a dolarização da economia, a redução drástica do Estado e a abertura ao mercado internacional. O objetivo era claro: desmontar as bases do Kirchnerismo e devolver aos cidadãos a liberdade para prosperar.Um ano após a sua eleição, os resultados começam a emergir de forma clara. A inflação, que ultrapassava os 25% ao mês, foi reduzida drasticamente para 2.4% em Novembro, refletindo o impacto do corte à despesa pública de quase um terço para combater o défice profundo que encontrou quando tomou posse.Para além disto, Milei eliminou barreiras regulatórias e introduziu uma abordagem pragmática ao governo. Ao delegar a legislação e a execução económica em técnicos competentes, como Federico Sturzenegger, garantiu coerência nas reformas. A liberalização atraiu mais investimento estrangeiro, revitalizando setores essenciais como a agricultura e a tecnologia, enquanto os cortes nos subsídios e a simplificação da burocracia abriram caminho para o florescimento do setor privado. Os resultados mostram que é possível reduzir um Estado ineficiente para atingir um nível de despesa ajustado à realidade e às possibilidades do país, diminuindo a interferência estatal na economia. Javier Milei tentou evitar que as suas reformas incidissem desproporcionalmente sobre as populações mais vulneráveis. Para alcançar um equilíbrio, optou por reduzir gastos administrativos e salários na administração pública em vez de cortar diretamente transferências de dinheiro destinadas às camadas mais desfavorecidas. Esta abordagem pragmática não só protegeu os mais pobres, como também reforçou a legitimidade das suas políticas junto de uma população historicamente marcada pela desconfiança em relação a mudanças estruturais
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