Carlos Farinha Rodrigues: “Os problemas da habitação são fulcrais na análise da pobreza“
Carlos Farinha Rodrigues, professor do Instituto Superior de Economia e Gestão e especialista no estudo das desigualdades e da pobreza, afirma, em entrevista àe à Agência Ecclesia, que o"combate à pobreza não se faz exclusivamente com políticas sociais".
Carlos Farinha Rodrigues, que integrou a equipa que definiu a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, diz ainda não encontrar razões para o atraso na sua implementação que"penalizou a capacidade de dar respostas integradas às situações de pobreza". Vamos começar por clarificar alguns aspetos. Eu gosto de frisar que o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza não é o Dia dos Pobres. Não é um dia exclusivamente para a população pobre. É um dia para apelar a toda a sociedade para a necessidade do combate à pobreza.Até porque não é apenas um problema deles, dos pobres...
Claramente, temos aqui um conjunto de desafios muito grandes. E, ainda por cima, num contexto de forte incerteza. Nós não sabemos como é que vamos estar daqui a uns meses em termos de inflação, em termos do desenvolvimento económico e em termos da própria situação europeia. Toda esta urgência, toda esta incerteza reforça a necessidade de termos uma estratégia de combate à pobreza.
Hoje, os problemas da habitação são fulcrais na análise da pobreza. Por exemplo, durante a pandemia, tivemos a necessidade de tomar medidas que foram profundamente geradoras de desigualdade e cujos efeitos se vão sentir durante muitos anos, dependendo, obviamente, da sua intensidade das políticas que forem tomadas.
m a ver com o Plano 20-30, no qual já é possível ter medidas mais direcionadas para o apoio direto às famílias em situação de maior pobreza. Há algum atraso, mas espero que ele seja implementado de forma eficiente. Nós precisamos, cada vez mais, de ser capazes de fazer uma avaliação dos impactos, transformadores ou não, de cada uma das medidas.
Não. A estratégia vai até 2030. Este atraso, como referi, não é displicente. Agora, se se avançar rapidamente com a constituição de toda a estrutura que vai gerir a própria estratégia, se se avançar rapidamente com a elaboração de planos trianuais para definir quais são os objetivos imediatos, quais são as metas que se pretendem alcançar num horizonte de dois, três anos, isso será um passo importante.
Dito de outra forma, o facto de nós defendermos medidas muito específicas, na sua incidência, sobre a população mais pobre, não significa que não se deva pugnar por garantir um desenvolvimento mais sustentado, mais equilibrado do conjunto da sociedade. Uma das lições que tiramos da pandemia é que, em crises anteriores, nomeadamente durante o período da troika, nós sabíamos que havia um conjunto vasto de famílias que, apesar de não terem rendimentos formais conhecidos, conseguiam sobreviver à custa da economia informal, com biscates, com sistemas vários.
Nós temos um Estado Social que, historicamente, começou tarde e que ainda tem muitas insuficiências, sendo fortemente condicionado pelas restrições económicas. É evidente que as medidas seriam diferentes se não tivéssemos o défice e a dívida que temos. Portanto, há restrições económicas fortes, mas não tenho dúvidas que o caminho a perseguir é o do reforço do Estado Social.
O segundo aspeto é particularmente importante: como é que a estratégia de combate à pobreza joga com o Plano de Recuperação Económica e com o Plano 20-30.
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