Reportagem: Club Sintra Football, os heróis sem lar
Na maioria dos estádios, um adepto entra, passa o torniquete e senta-se no seu lugar na bancada. No Sintra, entra, dão-lhe as boas-vindas, entregam-lhe uma almofada para melhorar o conforto, dão uma manta, se estiver frio, e convidam-no para um lanchinho, ao intervalo. À borla.
. Aqui, cada jogador tem de se sentir jogador e cada adepto tem de se sentir na final do Jamor. E na bancada temos dois sofás individuais. É mais ou menos uma zona VIP”, detalha Dinis Delgado.Dinis Delgado, fundador do clubeDinis é o fundador do clube. E presidente. E delegado ao jogo. E director de comunicação. E secretário. E director criativo. E gestor do bar. E cozinheiro. E chefe da claque, quando calha. Dinis é tudo, num clube que não tem nada.
. Esta é a nossa parte social. O nosso roupeiro morava debaixo da ponte do comboio e nós trouxemo-lo da rua. E distribuímos comida, com a organização Solfraterno. Fazemos donativos e, pontualmente, juntamo-nos na distribuição de comida aos sem-abrigo”.Dinis Delgado, fundador do clubeComo é que se vive assim? “Com paixão e dedicação. Trabalho para o Sintra para aí 150 horas por mês.
, disparou, consciente do valor futebol-negócio, já depois de, em 2018, ter dado uma explicação bem mais emocional: “Queria que o meu filho, um dia, jogasse no Club Sintra Football, assim muito, para ser um nome internacional. Um dia mais tarde, quando formos conhecidos mundialmente, soa melhor”. "Com este telefonema, fiquei a saber que, a partir deste momento, não devemos um tostão a ninguém. Devíamos dois mil euros ate há uns minutos”Mas é com bandeiras de pano e feiras em Sintra que vai chegar à I Liga? “Claro que não. Tenho noção de que sozinho não passo do Campeonato de Portugal. E nem sei se consigo lá ficar. Precisamos, rapidamente, de um parceiro para alavancagem financeira”.
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