O escritor que morreu esta terça-feira, aos 89 anos, marcou gerações de leitores, não apenas por alguns dos seus romances terem sido satisfatoriamente adaptados ao cinema, mas sobretudo por ter rejeitado esse prevalecente pacto de menoridade que leva a que o mundo seja retratado segundo princípios moralizadores, numa postura de denúncia que recusa aventurar-se nas trevas, levando ao limite, como fez McCarthy, a recriação dessas perversões tenebrosas que não perdem força por as ignorarmos.
Quando se morre são os outros que, por uma espécie de pudor, nos fecham os olhos. É na carne que nos foi dada que nalgum momento a morte se inscreve, e, depois disso aguardamos. Tantas noites ao senti-lo como se chocalhasse cá dentro, entre o dormir e o medo, o nosso fim diz-nos que ainda não chegou a hora. É sobre essa sensação do tempo que falta que alguns dos autores maiores escrevem.
Pois, disse o velho. Mas diz-me cá em qué que as ideias dum homem o ajudam. Que mundo viu ele que lhe agradasse mais do que este aqui?Não. Não. É um mistério. Um homem vê-se em palpos de aranha pra sondar a própria mente, porque só tem a própria mente prà sondar. Pode sondar o próprio coração, mas não quer. E faz muito bem, que o melhor é não olhar muito prò que se passa ali dentro. Não é o coração de uma pessoa que trilha o caminho que Deus lhe traçou.
Como bem se vê, Deus ou o diabo são variações no arranjo dos detalhes.
O universo não é uma coisa estreita e a ordem que contém não está constrangida em nenhuma das suas latitudes nem na sua capacidade de repetir o que já existe num lugar em qualquer outra parte..
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