Nem Galamba, nem o SIS, nem as fragilidades do SNS ou do sistema educativo. O maior problema do país, sem solução à vista, é a habitação, sobretudo para as novas gerações. É aqui que o governo enfrenta a maior área de tensão social, e talvez as maiores hesitações, porque o mercado imobiliário é tão complexo que não é fácil pô-lo a funcionar bem, embora seja facílimo dar cabo dele. O que parece estar a acontecer.
Comecemos pela manchete do DN de ontem:"Economia perde 4,8 mil milhões de euros com travão aos vistosno turismo residencial". A esta notícia podem juntar-se outras, que sinalizam o facto de os fundos imobiliários estarem a abrandar o investimento em Portugal devido à sistemática instabilidade fiscal, sobretudo no arrendamento e Alojamento Local. No fundo, um sistema virtuoso que colocou Portugal nas opções internacionais, vai-se desfazendo.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o mercado português registou um crescimento nos preços das casas de 108% entre 2012 e 2022 - 75% nas novas e 120% nas usadas. Nada que se compare com a evolução dos salários reais, como se sabe. Em cima disto, os juros dispararam de quase 0% em 2021 para os atuais 3,8%., lançado por António Costa e Marina Gonçalves para enfrentar esta escalada, foi o desfasamento no tempo.
Somou-se a isto outro fator: do ponto de vista internacional, Portugal esteve na moda porque os preços, após a recessão, eram muito baixos e abriam-se grandes oportunidades de rentabilidade a fundos de investimento.
Se sobrassem mais casas para os portugueses, não seria em si mesmo um problema. Mas não há casas prontas a habitar em número suficiente e, simultaneamente, não estamos a conseguir atrair os grandes grupos internacionais para resolver o maior problema estrutural do mercado - construir para arrendar. Só o arrendamento garante mobilidade pessoal e profissional, essencial para quem quer mudar de cidade ou emprego, ou imigrar para cá.
E, por mais que o governo reforce os apoios aos juros e ao arrendamento, a grande questão é a de que não está a conseguir dar teto às novas gerações, nem há no horizonte qualquer plano que permita arrendamento abundante e acessível. Portugal é o país da Europa em que os jovens saem mais tarde de casa: 34 anos - em comparação os 18 anos da Suécia.
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