A fábrica da Tupperware em Portugal, com 200 trabalhadores, enfrenta um futuro incerto após a entrada da empresa mãe em falência. Os funcionários receberam cartas de dispensa até dia 7 de Fevereiro, mantendo-se a esperança de um acordo para a manutenção da fábrica.
A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal , em funcionamento desde os anos de 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana. Os 200 trabalhadores da fábrica , situada em Montalvo, Constância (distrito de Santarém), cujo futuro permanece incerto, receberam uma carta de dispensa do trabalho até dia 7 de Fevereiro, afirmou à agência Lusa um funcionário da multinacional norte-americana.
\«A administração começou a dispensar trabalhadores por falta de serviço e para não estarmos parados começou a dispensar os trabalhadores para poderem ficar em casa, a receber com todos os direitos, com subsídio de alimentação e subsídio de turno, quem tivesse turnos», disse à Lusa um dos trabalhadores da fábrica instalada em Montalvo, cujo fecho estava anunciado para 31 de Janeiro. «A carta diz que fomos dispensados do serviço até dia 7 de Fevereiro, salvo se a empresa precisar dos nossos serviços, e aí ligará para nos apresentarmos para trabalhar», afirmou Rui Caseiro, com 47 anos de idade e 23 anos de casa na empresa. Foram informados a 9 de Janeiro que iriam continuar a trabalhar até ao final do mês, com o respectivo pagamento de vencimento, sendo o período agora alargado até 7 de Fevereiro, mantendo-se a incerteza sobre o futuro da fábrica. A carta de dispensa «não é ainda uma carta de despedimento», observou Caseiro, tendo referido que as cartas foram entregues «de forma gradual e por secções», e que os funcionários «podem ser chamados a retomar o trabalho», havendo ainda a «esperança» que a empresa não feche portas e que os trabalhadores não vão para o desemprego. \«Começaram pela produção, que já estava parada há algum tempo, depois o pessoal da manutenção, e, por fim, o pessoal do armazém. Estávamos lá a acabar os trabalhos que faltavam. Estes também já estão em casa, é o meu caso. Penso que hoje, por aquilo que estive a falar com meus colegas, estão lá dois, três trabalhadores», declarou Rui Caseiro. Numa das cartas de dispensa, dirigida aos trabalhadores da produção e assinada pelo director da unidade fabril, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se: «Na sequência da reunião de 9 de Janeiro de 2025 e conforme acordado, vimos pela presente comunicar que se encontra dispensado de comparecer ao serviço e prestar trabalho de 16 de Janeiro a 7 de Fevereiro de 2025, inclusive». A carta refere ainda que, «durante o referido período, fica dispensado dos deveres de assiduidade e pontualidade», e que «esta dispensa não altera a sua situação laboral, mantendo todos os direitos e regalias, incluindo o pagamento da remuneração e respectiva contagem da antiguidade». Apesar da dispensa, o trabalhador «deverá manter-se disponível para colaborar com a Tupperware – Indústria Lusitana de Artigos Domésticos Lda. ou retomar a sua prestação de trabalho quando tal lhe seja solicitado», pode ler-se, comprometendo-se a empresa a «avisar com um dia útil de antecedência caso seja necessário retomar a prestação de trabalho». Rui Caseiro disse à Lusa que «os vencimentos estão todos em dia», incluindo o do mês de Janeiro, tendo indicado que o futuro «continua incerto» e que «há interessados em tentar manter o funcionamento» da fábrica. «Dizem que ainda há uma luz para o futuro. As pessoas andam na expectativa. Estamos na incerteza mesmo. As pessoas estão a viver um dia de cada vez», afirmou. Sérgio Oliveira disse à Lusa que o processo negocial com o grupo de empresários portugueses interessados na fábrica da Tupperware continua a decorrer. «A informação que tenho é que o processo negocial mantém-se. Vamos ver se nos próximos dias existem desenvolvimentos», declarou, tendo feito notar que «o poder de decidir está nas mãos dos credores, dos investidores e dos fundos de investimento na América». Face a estas movimentações, Sérgio Oliveira disse existirem várias possibilidades, sendo que «a da insolvência é que ninguém quer». A fábrica, em funcionamento desde os anos de 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em Setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional. O pedido de insolvência da casa-mãe tem consequências directas na unidade portuguesa e pode deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali são efectivos. A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.
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