Gabriel García Márquez: Uma Paixão pelo Futebol

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Gabriel García Márquez: Uma Paixão pelo Futebol
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Este artigo explora a paixão do escritor colombiano Gabriel García Márquez pelo futebol, desde a sua infância em Aracataca até à sua vida adulta como um fanático do Junior de Barranquilla. A história revela a evolução da sua relação com o desporto, desde o basebol até ao futebol, e as suas reflexões sobre a natureza humana e a sociedade através do prisma do jogo.

Zipaquirá. Dá vontade de responder: vai tu! Cá por mim vou lá de boa vontade. Gosto de viajar por nomes. Uma vez estava a ler qualquer coisa sobre Bobo Dioulasso, no Burkina Faso, e dois dias depois estava lá. Também atravessei a Índia de comboio para pôr os pés nessa cidade fantástica chamada Tiruchirappalli. E mais e mais. Zipaquirá é outra palavra que me soa bem. Fica no interior da Colômbia e dizem os de lá que é linda e limpa como poucas, com os edifícios da era colonial bem conservados.

Dê-se o desconto que for preciso por via do orgulho de proprietário. Quem passou algum tempo da sua vida em Zipaquirá foi Gabriel José de la Concordia García Márquez, a quem os colombianos passaram a tratar pela alcunha carinhosa de Gabo. Vem mesmo a propósito. OK. Se calhar nem vem, mas deixemos isso para outra altura até porque aqui não há espaço que bonde. Gabriel nasceu em Aracataca (outro nome agradável aos meus ouvidos), na parte caribenha do país e nunca ninguém que tenha lido Cem Anos de Solidão esquecerá a frase irretocável que serve de início ao livro: «Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo…». De truz, menino, de truz!, diria o Ega ao Carlos da Maia do divino Eça. Os habitantes de Aracataca também dizem maravilhas da sua cidade, e volto a dar-lhes o desconto devido, mas têm a seu favor afirmarem ao mundo que lhe deram (ao mundo) o Gabo, e isso é uma daquelas realidades próprias do Princípio de Arquimedes. Ah! E também enfunam o peito ao afirmar que Macondo é Aracataca e vice-versa, mas aí só Gabriel o poderia responder não se desse o caso de ter morrido há quase onze anos na Cidade do México. Quando era garoto, Gabo jogava futebol na equipa do Liceo Nacional de Varones, em Zipaquirá, e instalaram-no na defesa o que é irónico já que o moço era extremamente ofensivo, sobretudo para com governo colombiano da altura. Depois, já jornalista, escreveu uma série de crónicas sobre jogadores falhados, aconselhando-lhes a empinarem uns golos de rum e a interessarem-se por literatura. Deve ter sido o seu empreendimento mais fracassado. Contou, em várias entrevistas, que a sua primeira paixão foi o basebol, o desporto mais praticado na Colômbia da sua infância. Ei-lo: «Los niños juegan fútbol en la calle, ahora. Pero cuando era niño en la calle o en la escuela se jugaba béisbol. La afición por el fútbol se sembró a fines de la década del 40, cuando empezaron a llegar jugadores y entrenadores argentinos, uruguayos. Entonces empezó el gran momento del fútbol en América Latina».Depois converteu-se. E passou a ser um dos grandes escritores universais que mais falou sobre o jogo dos ingleses. Filosofava: «A alguém a quem verdadeiramente le gusta o futebol nada lhe importa quem ganha ou quem perde, porque só o ver jogar é um grande e belo espectáculo». Um teórico, vamos lá. Mas um teórico sem as habituais parvoeiras dos teóricos que de nada sabem e de tudo falam. Escolheu um clube para ser adepto, o Club Deportivo Popular Junior F.C., mais conhecido por Junior de Barranquilla, mas não me perguntem porquê, andei a vasculhar por toda a parte e não obtive uma resposta convincente. O mais razoável é supor que a razão terá raízes no facto de Barranquilla também ser da zona caribenha da Colômbia onde nasceu. De adepto passou a fanático. Confessou: «O primeiro instante de lucidez em que caí na conta de que estava convertido em um hincha intempestivo, foi quando advertí que durante toda a minha vida tinha algo de que muitas vezes me tinha ufanado e que ontem me estorbaba de uma maneira inaceptable: o sentido do ridículo». Sim, Gabriel García Márquez, que tanta gente expôs ao ridículo com uma escrita mais corrosiva do que hidróxido de potássio, cambaleou entre a sanidade mental e o grotesco. Mas teve mais da primeira para recusar a segunda. E então escreveu, compungido: «Pienso que no solo hay que calmar a los hinchas del fútbol, sino que hay que calmar también al ser humano y cambiar el modo de ser de la sociedad». Finalmente acabou por ser prático: «Enquanto houver árbitros, um jogo de futebol será sempre imprevível»

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