O Partido Aliança está preocupado com a importância da família e da demografia em Portugal. E como incentivo à natalidade lançou estes cartazes, onde pede aos portugueses para terem mais sexo, (mas “com amor”, porque o outro certamente é pecado). Em jeito de cenoura à frente do nariz, diz que ter filhos ajuda a reduzir os impostos. Talvez valha a pena perguntar: há poucos bebés a nascer por falta de vontade? Porque não gostamos de sexo? Ou será por falta de condições para termos filhos nos tempos de hoje?
Faço parte desta geração dos trintas que adia a parentalidade por inúmeras razões, sendo que a maior é, sem dúvida, a falta de estabilidade laboral e económica.
Uma brutal falta de tempo – tanta falta de tempo para se ser alguém para além do trabalho – falta de segurança, de estabilidade, de dinheiro. Este é o cenário em que vive muita desta geração dos trintas que muitos gostam de chamar de egoístas porque ainda não contribuíram para a natalidade do país.
Talvez por tudo isto, e por dar por mim tantas vezes a pensar nos vários números desta equação, olhe para estes cartazes e me sinta, no mínimo, ofendida.
Depois há ainda os irritantes tiques de puritanismo escondidos nestas mensagens. Façam sexo, mas com amor, diz um dos cartazes.
Portanto, se queremos falar de incentivos à natalidade, falemos sobre estas bolas de neve e deixemo-nos de trocadilhos tolos sobre sexo. Levemos a política a sério, se possível a pensar na realidade concreta de quem vive neste país. Não deveria ser essa a prioridade de qualquer partido?
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