Quando, no final do mês de Abril, João Galamba fez a desastrosa conferência de imprensa, relatando o rocambolesco episódio do computador, o Presidente da República percebeu rapidamente que o ministro não tinha condições de continuar ministro. Disse-o a António Costa e fez saber ao Expresso. Quando, no início do mês de Maio, João Galamba apresentou a demissão ao primeiro-ministro e o primeiro-ministro não a aceitou, o Presidente da República percebeu a afronta e ponderou, durante dois dias, a resposta a dar. Comunicou ao país que tinha perdido a confiança no governo mas que daria a António Costa, por falta de alternativa, uma segunda oportunidade, com reforço de vigilância. Entre o tempo em que estes episódios aconteceram e o dia de hoje, nada ficou melhor e engrossou o coro pela demissão de Galamba, levando os partidos de esquerda a alinhar com a direita, dando razão a Marcelo Rebelo de Sousa.
O ponto onde estamos hoje, é bom recordar, é o culminar de uma crise política iniciada pelo próprio governo, com uma inusitada acumulação de trapalhadas e uma afronta ao Presidente da República como resposta à ideia de que ele estava a subverter os seus poderes constitucionais, querendo mandar no governo. A Marcelo, encostado às cordas, bastou desviar-se para deixar o governo estatelar-se no caminho que António Costa escolheu percorrer.
Argumento que se baseava na repetição exagerada dos avisos de que a dissolução podia de facto acontecer, o que permitiu ao governo apresentar-se como vítima. Se houver dissolução, fica evidente de quem é a responsabilidade.
Para que um presidente utilize a bomba atómica é preciso que existam condições a montante e a jusante .
É chegado o momento em que se tornou perceptível que um governo minoritário, liderado pelo PSD, ou mesmo pelo PS, é melhor que esta maioria que se auto-destrói? É isso que se avalia em Belém, tendo em conta que o mal que o governo inflige a si próprio pode ser, ainda assim, menos grave que aquele que provoca à Democracia.
Portugal Últimas Notícias, Portugal Manchetes
Similar News:Você também pode ler notícias semelhantes a esta que coletamos de outras fontes de notícias.
Gabinete do ministro João Galamba vai ser investigadoA SIC Notícias sabe que está prevista a investigação de suspeitas de desvirtuamento de documentos e registos em equipamentos eletrónicos
Consulte Mais informação »
Onde fica a TAP no meio das versões contraditórias de João Galamba e Frederico Pinheiro?A comissão de inquérito da TAP esteve esta semana centrada no conflito entre o ministro das Infraestruturas e o seu ex-adjunto. A jornalista Anabela Campos analisa a polémica e como pode, ou não, influenciar a TAP. Oiça aqui o episódio do Economia dia a dia, podcast diário do Expresso
Consulte Mais informação »
Ventura pede a Costa que demita João GalambaO presidente do Chega, André Ventura, diz 'ter informações' de que Costa 'terá tentado encontrar sucessores' para o ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Consulte Mais informação »
Frederico Pinheiro: 'Pedro Nuno Santos está ao meu lado neste momento difícil'Numa entrevista à Rádio Renascença, o ex-adjunto de João Galamba confessou ser amigo do ex-responsável pelas Infraestruturas, que saiu do Governo na sequência do caso TAP, dando o lugar a João Galamba. “Falamos de todo o tipo de temas” e também sobre a exoneração
Consulte Mais informação »
Caso Galamba: partidos pedem explicações ao primeiro-ministroChefe de gabinete adianta que António Costa só fala depois de terminarem os trabalhos da comissão de inquérito à TAP.
Consulte Mais informação »