Nas eleições legislativas polacas deste domingo o partido populista e conservador Lei e Justiça (PiS) procura um terceiro e inédito mandato consecutivo e a coligação liberal Plataforma Cívica (PO), liderada pelo ex-presidente do Conselho Europeu Donald Tusk, quer ser a alternativa.
A propalada ameaça migratória africana e do Médio Oriente na Polónia, que no domingo merece dois referendos paralelos às legislativas, puxou o assunto para umas eleições já de si polarizadas, dividindo o país e uma região habituada a minorias.
O rastilho para todo um ruidoso clima eleitoral, em que os polacos receberam nas suas caixas de correio panfletos com imagens de embarcações no Mediterrâneo carregadas com migrantes africanos e do Médio Oriente e a frase"Eles estão a chegar!", remonta a um pequeno grupo de afegãos detetado há pouco mais de dois anos a entrar em solo polaco proveniente da Bielorrússia.
Neste"pingue-pongue macabro" e, entre cerca 50 mil devoluções realizadas oficialmente pelas autoridades polacas , têm sorte os que conseguem saltar o muro à primeira, por vezes com ajuda dos guardas bielorrussos, e não partiram um pé ou uma perna na queda nem rasgaram as carnes no arame farpado. Mas outros ainda"simplesmente morrem naquela floresta uma vez que não há nada que possam fazer".
"Eles são só jovens civis de algum lugar do mundo, mas não têm comida suficiente, estão cansados, como é que eles podem representar uma ameaça para o seu povo? O que aconteceria se do outro lado estivesse o exército regular russo ou bielorrusso?", questiona Basia Kuzub-Jamisuk, outra ativista e diretora do centro cultura de Czeremcha.
A ativista mantém um sentimento"muito negativo" em relação aos guardas de fronteira e a tudo o que envolva uniformes, pela forma como interpreta a cidadania e como vê os políticos manipularem os mais idosos, nesta região bastante envelhecida, ao reforçarem os pagamentos de pensões, contribuindo para a sua indiferença, ou a perceção de segurança com notícias alarmistas nas televisões, erguerem o muro, além do...
Pelas suas características, a região nunca foi propriamente alinhada com o nacionalismo polaco mas encontra-se tão deprimida que, de acordo com a jornalista, os políticos locais vendem-se por pouco, o ultimato da emigração também sufocou outras crises, afetado a riqueza local do turismo e o seu icónico Parque Nacional de Bialowieza.
A minúscula aldeia de Opaka não dá sinais de vida nesta região remota do leste da Polónia e o silêncio é apenas perturbado à passagem frequente de colunas de camiões militares.
"No início foi um pouco chocante. Por um lado, as pessoas podiam sentir medo e acho que é uma emoção muito normal porque não se sabia realmente o que estava a acontecer", recorda Paulina Siegien, jornalista polaca residente na região, enquanto as autoridades iam devolvendo os migrantes para a Bielorrússia, e criando as bases para um"discurso do medo".
Isto para manter a integridade territorial do país, segundo as autoridades, numa política que os ativistas da região reprovam. É uma questão à medida destes grupos migrantes, porque não se abre o leque a outros asiáticos ou de outras regiões do planeta, ou até aos mais de um milhão de refugiados ucranianos desde fevereiro de 2022.
O tom não baixou durante a campanha eleitoral, a que a distribuição por uma fundação ligada ao Governo de um folheto nas caixas de correio dos eleitores com imagens de uma embarcação carregada de migrantes no Mediterrâneo e a frase"Eles estão a chegar!"veio ainda mais avolumar.
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