Um novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos revela a existência de elevados níveis de rejeição em relação a imigrantes, particularmente aqueles provenientes do subcontinente indiano, entre os eleitores dos partidos Chega, PSD e PS. Apesar da oposição generalizada, a pesquisa também demonstra uma maior abertura em relação à concessão de direitos aos imigrantes, como o direito de voto e a facilitação da naturalização.
Um barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos, apresentado em dezembro, revela níveis elevados de rejeição em relação a imigrantes, especialmente aqueles provenientes do subcontinente indiano. Os autores do estudo, em entrevista à Lusa, destacam que os votantes nos últimos parlamentares no Chega, PSD e PS apresentam valores acima da média de oposição à imigração registada no barómetro. A amostra de 1.
072 entrevistas não teve como objetivo replicar os resultados eleitorais, mas cruzando os dados recolhidos com a indicação do partido pelo qual votaram, conclui-se uma rejeição significativa. Segundo o estudo, 63% dos inquiridos desejam uma redução de imigrantes do subcontinente indiano, 68% consideram a política de imigração portuguesa demasiado permissiva, 67,4% acreditam que contribuem para um aumento da criminalidade e 68,9% associam a sua presença à manutenção de salários baixos.No mesmo inquérito em que 42% dos inquiridos sobreestimam o número de imigrantes em Portugal, a maioria demonstra favorabilidade à atribuição de direitos aos imigrantes, como o direito de voto (58,8%), facilitação da naturalização (51,8%) e processos de reagrupamento familiar (77,4%). Apesar dos elevadíssimos níveis de oposição dos votantes nos principais partidos, observam-se distinções em outras dimensões relacionadas com a imigração. O Chega destaca-se por uma posição mais isolada da AD e do PS. Os votantes no PSD e no PS não se diferenciam em relação à concessão de direitos aos imigrantes, enquanto os eleitores do Chega manifestam maior rejeição e uma associação mais forte entre a vinda de estrangeiros e a criminalidade. A AD, por sua vez, apresenta uma posição intermediária, aproximando-se do PS e do Chega em domínios específicos. O estudo não reflete o mapa eleitoral das últimas legislativas, pois é uma amostra nacional que não considera a distribuição geográfica do voto dos partidos mais à esquerda ou da Iniciativa Liberal. Um dado relevante, segundo Rui Costa Lopes, é a sobrestimação do número de imigrantes por parte dos portugueses. Mais de 40% dos inquiridos acreditam que os imigrantes representam mais de 20% da população, e um em cada quatro considera que são mais de 30%. Esta subestimação, explica Nuno António, é mais evidente em indivíduos com menor contacto regular com imigrantes
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