Líderes europeus expressam preocupação com o aparente interesse de Donald Trump em negociar a paz na Ucrânia apenas com a Rússia, excluindo a Ucrânia e a União Europeia das negociações. Este cenário levanta preocupações sobre a segurança europeia e o futuro da Ucrânia.
Os piores receios dos líderes europeus estão a confirmar-se. Após uns primeiros sinais ambíguos, a administração Trump aparenta querer resolver a guerra na Ucrânia apenas consultando o lado russo e sem ouvir as preocupações do país invadido.
Ainda que tenha feito depois um esclarecimento a frisar que todos os cenários estão em cima da mesa, o secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, já deu a entender que Kiev não tem lugar na NATO e que será muito difícil voltar às fronteiras antes da anexação da Crimeia (2014). Para além das cedências que o Presidente norte-americano aparenta querer fazer a uma das suas maiores ameaças geopolíticas — a Rússia —, a Europa percebe que pode ficar sem o apoio do maior aliado desde o final da Segunda Guerra Mundial. Que Donald Trump sempre olhou para a Europa e para a NATO com desinteresse e até desconfiança não é propriamente novo — no primeiro mandato, já tinha sido assim. Mas agora a presidência norte-americana foi mais além do que a simples frieza que marcou as relações dos dois lados do Atlântico entre 2016 a 2020; não parece importar-se com as preocupações de seguranças europeias em relação à Rússia, tem prometido uma guerra comercial e até ameaçou a Dinamarca, um Estado-membro da União Europeia (UE), por causa da compra da Gronelândia.“É um choque elétrico”, admitiu o Presidente de França, Emmanuel Macron, em entrevista ao Financial Times. Esta “chamada de atenção”, disse o líder francês, deve fazer com os europeus invistam na Defesa e tenham capacidade para estarem sozinhos sem precisarem do guarda-chuva de proteção norte-americano. A curto prazo, ainda assim, é o possível fim da guerra da Ucrânia satisfazendo o agressor que mais preocupa os dirigentes europeus. A chamada telefónica de uma hora e meia da passada quarta-feira entre o Presidente russo e o norte-americano assustou as capitais europeias, que não foram avisadas de antemão da ligação. É também um sinal de que Donald Trump pode não querer a Ucrânia nem a União Europeia na mesa das negociações, o que tem sido o pior pesadelo do líder ucraniano, Volodymyr Zelensky. Sem a participação de Kiev e de um aliado no processo negocial, seria mais fácil para a Rússia levar avante as suas exigências. A Rússia está claramente agradada com o rumo dos acontecimentos. Donald Trump “confia” em Vladimir Putin, sendo que o líder russo sabe como agradar ao homólogo norte-americano. “Uma chamada com Trump era o que Putin estava à espera. É apenas o início das negociações, mas Putin venceu a primeira ronda”, assinalou uma fonte ligada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo ao The Guardian, acrescentando: “O principal foco de Putin é Trump — todos os outros são irrelevantes”.Líderes europeus expressam a sua frustração em público (e em privado)Conscientes do que pode simbolizar uma paz apenas negociada entre os EUA e a Rússia, os líderes europeus não perderam tempo em demonstrar publicamente a sua frustração. O grupo Weimar+ — que inclui França, Reino Unido, Alemanha, Polónia, Itália, Espanha e a alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros — publicou um comunicado na conta do X de Kaja Kallas, horas depois da chamada telefónica entre Trump e Putin. No documento, os líderes europeus realçam que a Ucrânia deve estar numa “posição de força” antes de se sentar na mesa das negociações. E destacam que a Ucrânia e a Europa “devem ser parte de quaisquer negociações”, sublinhando que Kiev deve receber “fortes garantias de segurança”: “Uma paz justa e duradoura na Ucrânia é a condição necessária para uma segurança transatlântica forte”
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