Quando a grandeza de um país se vê (também) na data das eleições

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Quando a grandeza de um país se vê (também) na data das eleições
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Os americanos votam sempre na primeira terça-feira a seguir à primeira segunda-feira de novembro. É uma regra aprovada pelo Congresso em 1845 que parece complicada, mas que pode ser traduzida assim: vota-se na primeira terça-feira de novembro desde que não calhe no dia 1, Dia de Todos os Santos. E sim, é um legado dos tempos dos Estados Unidos como sociedade agrária (quarta-feira era dia de mercado, portanto nem pensar, domingo era dia de missa, portanto nem pensar, acabou por ser à terça para dar tempo de ir de casa até ao local de voto, muitas vezes distante).

Donald Trump levantou agora a possibilidade de se adiar as presidenciais por causa da pandemia. Não lhe compete a decisão. Seria sempre do Congresso. Mas o que salta à vista é que o atual presidente, que tanto fala de tornar a América grande de novo, não se importa de pôr em causa o que construiu essa grandeza se o seu interesse pessoal estiver ameaçado.

Recordemos alguns factos básicos: Trump, que até já cortejou os democratas no passado, impôs-se inesperadamente nas primárias republicanas de 2016. E o partido, tirando alguns bravos como o já falecido senador John McCain, deixou-se ficar refém. Embora mal preparado para a presidência, beneficiou da fragilidade de Hillary Clinton em alguns estados e fez-se eleger para a Casa Branca, embora perdendo no voto popular.

Na presidência de Trump muito se deve à sua personalidade, muito é também já tradição republicana e há ainda uma parte que podia ser assumida por qualquer presidente, até um democrata, como é o caso da guerra comercial com a China ou, quase em complemento, as pressões sobre os aliados para recusarem a tecnologia 5G da Huawei, a gigante de Shenzhen, que é famosa por vender mais telemóveis do que a Apple ou a Samsung.

Todas as sondagens dão Biden a ganhar. No voto popular parece certo, com oito pontos percentuais de vantagem. No Colégio Eleitoral também o democrata é favorito, mas existe um desequilíbrio que favorece os candidatos republicanos . Ou seja, se Trump não está derrotado, para lá caminha. Daí o desespero de alguém que não sabe perder, de alguém que se habituou a ter sempre aquilo que queria.

Já houve países a adiar as eleições por causa da pandemia, como foi o caso da Polónia, mas igualmente houve países que fizeram questão de manter o calendário, como aconteceu na Coreia do Sul. Nos Estados Unidos, mudar a data das presidenciais seria ignorar o exemplo de Abraham Lincoln, que mesmo em plena Guerra Civil organizou a ida às urnas .

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