Há pouco mais de uma semana foram tornados públicos os resultados de 2021 do PIRLS, estudo internacional que avalia o grau de literacia da leitura dos alunos do 4.º ano de escolaridade. Portugal piorou, passando dos 541 pontos, em 2011, para os 520, em 2021. Aumentou a percentagem de alunos com desempenhos mais baixos e diminuiu a de alunos com níveis mais elevados. Cresceram as diferenças entre alunos, em função o seu nível socioeconómico. Não restam dúvidas. Desde 2011 que Portugal segue uma tendência de queda nos resultados e de agravamento das desigualdades. Mas este não é o maior problema do país. Verdadeiramente trágico é o permanente clima de guerrilha educacional, a incapacidade para dialogar, para extrair consequências dos estudos e avaliações independentes e, consequentemente, corrigir políticas com base nas evidências, no debate e no compromisso.
Foi o próprio Ministério da Educação que lançou a confusão. Separou os resultados das provas digitais das provas em papel, para afirmar que os alunos portugueses melhoraram os seus resultados, o que é falso. Mais, questionou as provas digitais do PIRLS 2021, declarando que as mesmas correspondem a uma mera transposição da prova concebida em formato papel para o ambiente digital, criando assim dificuldades aos alunos na sua realização.
Mas nada disto importa, quando a única necessidade parece ser afirmar uma narrativa de sucesso a todo o custo, mesmo que as evidências apontem noutra direção. Mais útil ao país seria refletir por que razão estamos nesta trajetória de queda, ao nível da leitura, desde 2011. Que razões e que políticas educativas e curriculares nos conduziram até aqui? E pensar nisto de modo articulado com as consequências da pandemia.
As famílias estão preocupadas e têm razão. A educação escolar é demasiado importante para o desenvolvimento económico e social do país, para ficar refém de cada circunstância governativa, sem o adequado suporte nas evidências.
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