As tarifas anunciadas por Donald Trump contra o Canadá e o México, incluindo um aumento de 25% no custo de importações de produtos agrícolas, vão ter um impacto significativo nos preços dos bens nos EUA. O abacate, ingrediente popular no guacamole, é um exemplo, com o custo de importações do México a subir significativamente. A indústria automóvel também será afetada, com o preço de novos carros a aumentar devido às tarifas sobre componentes importados do Canadá. Economistas alertam que os consumidores terão que arcar com o custo adicional, com um impacto potencial na inflação.
O abacate tornou-se, nos últimos anos, um produto fundamental nas cozinhas de milhões de americanos e há um dia, em particular, em que se estima que o consumo deste fruto exceda os 63 milhões de quilos – é o domingo em que é disputada a finalíssima da liga de futebol americano, a Super Bowl, cuja edição que aí vem está marcada para o próximo domingo.
A data do jogo poderá ser demasiado em cima para que o efeito das tarifas anunciadas no sábado por Donald Trump se reflita no custo do guacamole (que não costuma faltar nas mesas de centro, durante a Super Bowl) mas será inevitável que, em breve, os norte-americanos passem a pagar mais por vários produtos importados do Canadá e do México, como é o caso do abacate. Cerca de nove em cada 10 abacates consumidos nos EUA – seja nas populares tostas com ovo escalfado ou como ingrediente fundamental do guacamole – são importados do México, segundo dados do Departamento de Agricultura norte-americano. Em 2024, terão sido importados abacates do México no valor total de 2,7 mil milhões de dólares, o equivalente a 2,6 mil milhões de euros. Essas importações irão, com a ordem executiva assinada no sábado por Trump, passar a sofrer uma taxa alfandegária de 25%, que os economistas alertam que não será absorvida pelas empresas mas, sim, pelos consumidores.Essa será uma das consequências, para quem vive nos EUA, das tarifas anunciadas por Donald Trump contra o Canadá e o México – no valor de 25% –, além do agravamento de 10% nas tarifas já aplicadas nos produtos vindos da China (lançadas por Trump, no seu primeiro mandato presidencial, mas que Biden nunca retirou). Ainda existe muita incerteza sobre eventuais exceções que podem vir a ser criadas mas os economistas já estão a fazer as contas ao impacto potencial destas taxas alfandegárias. Se o abacate ou outros produtos agrícolas importados do México e do Canadá são bens alimentares de consumo recorrente, o impacto também será relevante no custo dos chamados “bens duradouros“, aqueles que são feitos para durar vários anos e cujos preços mais elevados os norte-americanos vão sentir ao longo dos próximos anos – por exemplo quando precisarem de trocar de carro. De acordo com uma análise do banco de investimento canadiano TD Economics, publicada recentemente, o preço de um automóvel pode agravar-se em cerca de três mil dólares, em média. Cerca de 10% dos carros que se vendem nos EUA são, atualmente, feitos no Canadá – e o TD avisa que um custo adicional de 25% nas importações tornaria essa produção inviável.A solução mais simples para continuar com essa produção seria passá-la para os EUA. Porém, isso implicaria criar cinco novas fábricas de automóveis que, além do tempo que iriam demorar a iniciar a operação, obrigariam a investimentos que tornariam o preço de cada automóvel mais elevado, segundo esta análise que é corroborada por outra firma financeira, a Wolfe Research. Os especialistas avisam que a própria cadeia de fornecimento de componentes será perturbada, já que hoje as peças fluem livremente entre um país e outro. “As tarifas vão inflacionar os preços dos automóveis que muitos potenciais compradores já consideram que são demasiado elevados”, disse ao The New York Times Erik Gordon, um professor de gestão da Universidade de Michigan que salienta que os carros usados não serão grande alternativa porque os seus preços também estão (e, assim, deverão continuar) a subir.A alternativa, diz o académico, será manter o mesmo carro mais tempo, adiando uma nova compra tanto quanto for possível, o que levará a um envelhecimento do parque automóvel mas não deixará de também sair mais caro porque as peças usadas pelas oficinas, na reparação de avarias, também irão ficar mais caras devido às tarifas.
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