Uma Kima em cima da mesa, Rabo de Peixe na Netflix. Que Açores nos mostra a série?
“Eu sou de Rabo de Peixe, mas não tenhas medo”, reza a canção de Sandro G. O preconceito persegue a pequena vila piscatória de São Miguel, nos Açores., Rabo de Peixe volta agora a ser falada pelo mesmo motivo, duas décadas depois.
Os atores principais não escondem o seu sotaque “continental”, mas não estão sozinhos neste “barco” micaelense. Ana Lopes, assistente de casting e também atriz, ajudou na tarefa de encontrar talento local. Ao todo, foram 11 dias de trabalho, entre Lisboa e São Miguel, para dar vida ao polícia que faz par com Tomas Melo . O resultado não podia ter sido melhor. “Acho que está mesmo espetacular. Acho que, em Portugal, nunca se tinha sido feito nada assim, nada com esta qualidade”, opina.Uma série filmada nos Açores tem, obviamente, que ter um toque açoriano...
A população local parece feliz com o resultado final, mas nem sempre foi esse o caso. No início, muitas foram as reticências quanto a um projeto com o nome de Rabo de Peixe. O medo de perpetuar o estigma imperava. "O estigma existe e ninguém negou que o estigma existe. Mas a equipa sabia que o nosso guião tentava desconstruir o estigma de Rabo de Peixe" desde o primeiro episódio, diz .
"Acho que qualquer pessoa de São Miguel, em alguma altura da sua vida, nem que seja por influência dos seus titios que fugiram para a América... já lhe passou pela cabeça a ambição de ir viver para os Estados Unidos. É daqueles pontos universais que qualquer pessoa da ilha tem em comum com uma pessoa de Rabo de Peixe."
Meses depois, numa festa onde estava o realizador, tocou uma música do amigo,"numa de paródia". Não demorou muito até ser chamado para encarnar Sandro G mais a sério, com"selo de aprovação" do próprio. "As coisas estão lá, as pessoas ouvem... se gostarem, ouvem mais. Eu gostava era de tocar mais vezes. Quando me deixarem tocar, o povo que apareça e que cante e dance, que é isso que é preciso... que a gente sinta alguma coisa."
Quanto às criticas, Romeu diz que"há sempre puristas do sotaque"."Há sempre pessoas mais conservadoras....não dá para agradar a toda a gente. Estamos a falar de ficção, estamos a falar de entretenimento. Se as pessoas ficam entretidas, missão cumprida", defende.
No entanto, já se começavam a ouvir os primeiros burburinhos relacionados com a estreia da série, na sexta-feira. O tema não podia escapar à vila. "Quem viu o último episódio percebe que tem ali umas pontas soltas que todos os guionistas gostariam de fechar. Agora, tudo depende de a série continuar a fazer um bom caminho", defende Francisco Afonso Lopes, antes de adiantar, esperançoso:
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