“Compreender o mal é a única forma de combatê-lo “
Garante que procura escrever livros “fáceis de se ler, mas difíceis de se entender”, aqueles que lemos sofregamente, até ao final, mas que nos deixam com vontade de voltar ao início, para percebermos o que ficou nas entrelinhas. “Literatura não é o que se lê, mas o que se relê”, diz, à VISÃO, Javier Cercas, 61 anos, que esteve em Lisboa para participar no Festival 5L e para lançar o novo romance, O Castelo do Barba-Azul .
Quando comparada com o teatro ou a poesia, a tradição do policial é relativamente recente e conheço-a bem. Porém, não quis contrariar ou ajustar-me aos códigos. De início, o meu único objetivo foi dar corpo a uma personagem, que me apareceu do nada, um dia, quando andava na rua.Cheia de violência, obscuridade, fúria, mas também de luz. É tremendamente contraditório.
Na literatura, o conhecimento surge quando nos colocamos em lugares incómodos, com personagens que fazem coisas que não são corretas. Saímos do nosso mundo e enfrentamos o mal – compreender o mal é a única forma de combatê-lo Escrever sobre o presente ou o futuro é inevitavelmente escrever sobre um mundo violento, como o que encontramos em Terra Alta e, sobretudo, em O Castelo do Barba-Azul?
Pode parecer que não estamos a falar do seu novo romance, O Castelo do Barba-Azul, mas na verdade estamos, pois todos estes temas estão aí retratados. Quis abordar a forma como o dinheiro se relaciona com a injustiça e a impunidade? … Sim, e essas perguntas devem continuar a ser feitas. O papel de um escritor é dizer o que as pessoas não querem ouvir. Não porque tem certezas, mas porque se dedica sobretudo a questionar. Daí que as respostas sejam sempre ambíguas, poliédricas, contraditórias. No fundo, a resposta é a própria busca de uma resposta.
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