“Marcelo Rebelo de Sousa, em nome da República Portuguesa, deveria pedir desculpa e reconhecer o papel de Portugal na escravatura”
– o primeiro volume já está no mercado português –, obra que se lê como uma reportagem politicamente incorreta sobre o negócio que foi dos mais rentáveis do mundo.
Curiosamente, o padre António Vieira, tal como o sacerdote castelhano Bartolomeu de las Casas, faz uma separação clara entre negros e índios, defendendo estes últimos, que têm direito a ser respeitados por terem alma… Esse foi um grande projeto do Brasil no século XIX: embranquecer a população. A ideia foi discutida no Parlamento, por se entender que o sangue negro corrompera a índole brasileira, como que uma mancha de que o Brasil precisava de livrar-se. Por isso, desenvolveram-se projetos para devolver parte dos negros a África, logo após a revolta dos Malês, na Baía, em 1835, em que alguns dos rebeldes foram deportados.
Sim, contra a estátua de Borba Gato, em São Paulo. Os ataques a símbolos do passado mostram que estes temas têm de ser debatidos. O ideal é refletir, em vez de vandalizar. Estas discussões vão, por vezes, dar à chamada “dívida social” da escravatura. Em França, por exemplo, o economista Thomas Piketty defende que Paris deveria pagar 30 mil milhões euros ao Haiti…
Durante os seis anos de investigação para este projeto, cruzou-se com alguma personagem que o tivesse surpreendido?
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