O processo sobre o tiroteio fatal de Odair Moniz por um agente da PSP revela que o agente não concluiu nenhum curso de formação específico em armas de fogo, além do curso básico de formação de agentes.
A Polícia de Portugal revelou detalhes sobre o agente envolvido no tiroteio fatal de Odair Moniz em Outubro de 2022, à agência Lusa. O processo, consultado pela agência, indica que o agente nunca concluiu nenhum curso de formação específico em armas de fogo, além do curso básico de formação de agentes, concluído em Setembro de 2022. A informação foi fornecida pelo núcleo de recursos humanos da PSP ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa.
O agente em questão ingressou na carreira policial em Novembro de 2022. A última ficha de tiro do agente, enviada pela PSP, aponta que os seus últimos exercícios com armas de fogo ocorreram no âmbito do curso de formação de agentes, na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas, em Setembro de 2022. Em seu primeiro interrogatório pela Polícia Judiciária, o agente afirmou ter disparado dois tiros para o ar e dois tiros na direção de Odair Moniz, mas tentou direcionar a arma para baixo para evitar a morte. No auto da PSP, enviado ao Ministério Público, o agente relatou ter disparado duas vezes contra Odair Moniz na linha da cintura, com o objetivo de neutralizá-lo. De acordo com o processo, os disparos atingiram a zona do tórax e da virilha, a uma distância estimada de 20 a 50 centímetros e 75 centímetros a um metro, respectivamente. A morte de Odair Moniz desencadeou protestos na Área Metropolitana de Lisboa, com incendiar de veículos e vandalismo, resultando em dezenas de detidos e suspeitos identificados. Além do processo judicial, a Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) e a PSP estão a conduzir processos disciplinares. A IGAI solicitou acesso aos autos do processo, incluindo declarações de testemunhas, relatórios periciais e autos de visão, mas a autorização só foi concedida após a dedução da acusação. O director nacional da PSP garantiu que serão fornecidos todos os esclarecimentos sobre o auto de notícia, afirmando que o sistema estratégico de informação da polícia 'regista tudo'. A Polícia Judiciária admitiu que o auto da PSP pode não ter sido elaborado pelo agente que está agora acusado de homicídio.
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