Dar cabo da boa esperança Café Central, a crónica do produtor cultural h_costasantos
. Como se pôde avançar com os trabalhos sem garantir alternativas para quem depende deste transporte? Que desprezo é este pela vida das pessoas? Desprezo e desrespeito – foi o sentimento que me transmitiram as pessoas com quem falei, curvadas em filas, enlatadas em carruagens, pedindo desculpa ao telefone por um atraso que não é seu.
Infelizmente, a sensação parece não ser exclusivo do submundo metropolitano. Gosto de fazer perguntas na rua, cá em cima, de picar conversas nos Cafés Centrais e – não sendo isto ciência -, sinto uma perceção generalizada de desligamento entre a política e “os problemas reais das pessoas”. É um chavão que tem vingado. Porque será?As escolhas da revista PRIMA sobre o que há de novo em tendências, cultura e criatividade.
Portugal precisa de conhecer o seu projeto. Sem esperança, torna-se desolador andar na rua e ler a pobreza nas vestes de quem trabalhou toda a vida, nos braços pendentes dos jovens licenciados a receber o salário mínimo, nos rostos dos pais a lutar para pagar a casa ao preço de Paris, na corrida entre os estafetas e os motoristas das aplicações. Entre as buzinadelas e os autocarros lotados, só os turistas e os nómadas digitais parecem felizes. Boa parte existindo numa realidade paralela, como a dita bolha mediática. No meio desta crise, disse-me o sr. José que “quem se lixa é o mexilhão”.
A resistência dos portugueses à sucessão de crises é, na minha opinião, extraordinária. A paciência também. Está, porém, a ser levada ao limite. Num cenário marcado pelas crescentes desigualdades, pela acumulação de riqueza inédita na História, pela transferência de dinheiro de baixo para cima, a democracia não poderá conservar-se muito tempo a navegar na maionese.
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