Relatório da CGD imputa culpas da “Operação Boats Caravela” à gestão de João Salgueiro
A operação que gerou perdas à CGD de 340 milhões de euros serviu “para travar perdas, pelo menos no curto prazo, e reverter alguns dos prejuízos já registados”, diz o projeto de relatório da II comissão parlamentar de inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco.
António de Sousa, o banqueiro que liderou a instituição entre 2000 e 2004, foi peremptório: “sei bem o quanto afectou os resultados durante a época, mas enfim, ela assinada a 28 ou 29 de dezembro de 1999 e penso que não foi totalmente compreendida por toda a gente, porque aquilo era uma operação financeira complexa, e enfim, não é que eu ache que toda a gente que está como membro de conselho de administração da banca tenha de...
“Eu tendo a concordar com o professor António de Sousa, porque a operação era tão gravosa que a única explicação é que não sabiam o que estavam a assinar”, referiu. João Salgueiro não respondeu de forma concreta a nenhuma das perguntas enviadas pelos deputados, sendo que segundo o relatório, a única resposta que se pode considerar é a seguinte: – “A resposta simples ao agora solicitado é explicitar que não considero necessário acrescentar nada ao que foi informado pelo Dr. Vieira Monteiro…”.
“Se Tomás Correia afirmou que a operação nasceu nos serviços, já os titulares da DIN [Direção Internacional] e DTM [Direção de Tesouraria e Mercados] afirmam o contrário”, refere o relatório. Esses títulos e as respetivas perdas potenciais estavam parqueados no Banco Caixa Geral , em Espanha, e na sucursal de França. Caso o reconhecimento de menos-valias fosse feito nestas entidades fora de portugal, iria colocar em causa os fundos próprios das mesmas, podendo obrigar a uma intervenção da CGD, para além de afetar negativamente os resultados consolidados do banco público, explica o relatório da CPI.
Apesar disso, e a troco de uma redução na taxa de juro paga à CGD , o banco conseguiu proceder a algumas alterações contratuais que incluíam a “redução da discricionariedade do CSFB relativamente àde referência e obtenção de mais informação que permitirá uma melhor monitorização da transação.
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